segunda-feira, 31 de maio de 2010

Crítica: Kick-Ass - Quebrando Tudo

A Vingança de Robin


Dave (Aaron Johnson) é um adolescente normal. Tem a paixão platônica na escola, mas é ignorado pela garota. E gosta de histórias em quadrinhos. Muito. Um dia, Dave começa a se perguntar porque ninguém jamais tentou ser um super-herói. Ora, como ele mesmo diz, o que há de tão difícil em vestir uma roupa bacana e sair às ruas para combater o crime? Logo seus amigos rechaçam essa possibilidade, dizendo que pra isso é preciso poderes (Homem-Aranha) ou muito dinheiro (Batman). Mas Dave não tira a ideia da cabeça e decide se tornar um super-herói: compra uma roupa de mergulho no eBay e começa a sair à noite para combater o crime na cidade. Depois de um tempo, ele percebe não estar sozinho ao descobrir outros “super-heróis”: Red Mist (Christopher Mintz-Plasse, o eterno McLovin), Big Daddy (Nicolas Cage) e Hit-Girl (Chloe Moretz). Os quatro juntam suas forças pra derrubar a máfia da cidade, New York, e seu chefão, Frank D’Amico (Mark Strong).

O filme é baseado na graphic novel homônima escrita por Mark Millar e desenhada por John Romita Jr., publicada nos Estados Unidos entre abril de 2008 e janeiro de 2010 em oito volumes. A publicação oficial no Brasil foi prometida para abril de 2010, mas ainda não desembarcou por aqui. O diretor Matthew Vaughn (Stardust) é bastante fiel ao universo criado por Millar e Romita Jr., desde o excelente, e quase onipresente, humor até a violência gráfica. Repare que Vaughn não desvia a câmera em nenhuma cena de violência, mostrando o sangue e as consequências dos atos dos personagens. A violência vista aqui, e na HQ, é comparável à feita pela Noiva em Kill Bill, de Quentin Tarantino. Porém, Vaughn não faz como Zack Snyder fez em Watchmen, que apenas transportou os quadrinhos para as telas. O diretor mudou muitas coisas na história, eliminou algumas histórias paralelas e fez com que as mudanças tivessem um resultado magnífico (até superior à história de Millar) - diferente do que aconteceu, por exemplo, com Os Perdedores (2010) que transformou uma graphic novel ótima em um filme horroroso -, criando mais que um universo para o herói no cinema, abrindo portas para quase certas continuações.

Várias divertidíssimas referências são feitas ao longo da projeção. As mais comuns são ao filme e às histórias em quadrinhos de Homem-Aranha. Mas Vaughn não para por aí, e faz outras piadas excelentes, como a que um personagem, se vendo próximo da morte, diz que não quer morrer sem saber o que acontece no fim de Lost (o filme estreou nos EUA antes do fim da série). Ou, então, a homenagem a um dos maiores filmes de todos os tempos, Taxi Driver, onde Dave imita o personagem principal do filme de Martin Scorsese numa cena em frente a um espelho. Mas talvez a melhor referência seja no início da cena que culmina na última sequência de batalha da Hit-Girl. Ao entrar no prédio, a música que toca é o tema do clássico western Por Uns Dólares a Mais, de Sergio Leone.



Mas nada disso funcionaria se Vaughn não tivesse um elenco excelente em mãos. Clark Duke, que faz um amigo de Dave, surge engraçadíssimo em todas as suas cenas (o rapaz vai se especializando em coadjuvantes divertidos); Lindsy Fonseca empresta toda a sua beleza à Katie, paixão de Dave; Mark Strong aparece charlatão na medida certa pra interpretar Frank D’Amico, chefe da máfia; e Christopher Mintz-Plasse (mais uma vez: nosso eterno McLovin) não deixa a peteca cair em meio aos protagonistas e se mantém firme o filme todo. Aaron Johnson interpreta com dignidade e intensidade o protagonista, conseguindo passar da raiva para o humor e para a tristeza com uma naturalidade incrível e surge como uma excelente promessa para o cinema americano. Nicolas Cage é o mais engraçado em cena. Faz umas paradas nas falas sensacionais e um tom de voz espetacular, tendo um dos melhores desempenhos em humor de sua carreira. E cria uma química extraordinária com a atriz-mirim Chloe Moretz, que devora todas as suas cenas e rouba o filme pra ela sem pudor nenhum. A garota, que já havia demonstrado talento no ótimo 500 Dias Com Ela, cria uma personagem excelente, num misto de intesidade, delicadeza e, veja só, sensualidade. Não se espante se se sentir atraído pela menina de 11 anos, acontece aqui o mesmo que aconteceu com Natalie Portman em O Profissional. Mas Vaughn não transforma Hit-Girl numa personagem vulgar, apenas sensual. E é incrível como a garota faz as cenas de luta (as melhores sequências em anos, fez a sequência de luta de Scarlett Johansson em Homem de Ferro 2 parecer, com o perdão do trocadilho, brincadeira de criança) com maestria. Solta palavrões para todos os lados e cria a melhor heroína no cinema dos últimos anos (perdeu, Noiva).



Combinando uma trilha sonora espetacular (merecia uma crítica especial, só pra ela) com cenas de ação sensacionais, interpretações excelentes e uma história evocativa, Vaughn começa mais uma saga de herói no cinema, que renderá, com certeza, outros filmes. A segunda edição da graphic novel já está sendo produzida por Mark Millar, esperemos, então, ela e, consequentemente, o segundo filme desse herói que todos vão aprender a gostar.

O filme, o melhor do ano até aqui, estreia no Brasil no dia 18 de junho, com distribuição da Paramount Pictures do Brasil.





Nome original: Kick-Ass
Ano: 2010
Duração: 117 minutos
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn, Mark Millar
Elenco: Aaron Johnson, Christopher Mintz-Plasse, Chloë Moretz, Nicolas Cage, Mark Strong, Clark Duke, Evan Peters, Lyndsy Fonseca

Imagens: divulgação

Primeiro post

Olá, olá!

Estou começando mais um blog, dessa vez com os amigos Reznor e Levy. Falaremos sobre cinema, música, quadrinhos, séries etc. Em breve a equipe crescerá e, com isso, a diversidade de opiniões e conteúdo só crescerá.

O nome? Bom, uma homenagem ao filme de Martin Scorsese, Taxi Driver.



Pra começar, postarei a crítica do vindouro Kick-Ass - Quebrando Tudo.

Enjoy!
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