terça-feira, 15 de junho de 2010

Crítica: Procurando Nemo

Quem disse que o fundo do mar é sem-graça?


Marlin (Albert Brooks) é um peixe-palhaço, vive feliz ao lado de sua esposa, Coral (Elizabeth Perkins), e suas centenas de ovas. Porém, acontece um ataque de um predador, com trágicas consequências: todos morrem, com exceção ao pai Marlin e o jovem filho Nemo (Alexander Gould). O trauma do ocorrido faz com que Marlin se torne um pai extremamente super-protetor, já que Nemo é tudo que lhe resta na vida. Mas essa super-proteção acaba limitando a liberdade do jovem peixinho, já que seu pai não permite que ele faça várias coisas, e também o torna motivo de piadas de seus colegas na escola. Com isso, Nemo decide mostrar ao pai (e aos colegas) que sabe se virar sozinho e parte para nadar no mar aberto, mas é capturado por um mergulhador, gerando imenso desespero no pai, que parte numa jornada mar afora pra resgatar seu filho, junto com Dory (Ellen DeGenerees), uma divertida peixinha que tem um grave problema de memória recente.

Tecnicamente, o filme é soberbo. Convenhamos, o fundo do oceano é um lugar dificílimo de se reproduzir, e Procurando Nemo o consegue com um enorme sucesso. Todas as paisagens, todas as criaturas (e quantas são!), toda a reprodução de rodovias, estradas, semáforos… tudo beira a genialidade e a perfeição. A fotografia (Sharon Calaham e Jeremy Lasky) submarina também é outro fator sublime do filme, com efeitos de iluminação maravilhosos. Outra escolha acertadíssima é a escolha de atores australianos para a dublagem, já que a história se passa na costa australiana.



Procurando Nemo tem uma série de excelentes piadas, desde tubarões que querem melhorar a imagem pública da espécie, passando por divertidas tartarugas surfistas, até situações envolvendo a (falta de) memória de Dory. Essa última, inclusive, devora todas as suas cenas, tomando conta do filme quanto está em tela. Não é à toa que Ellen DeGeneres, que dubla a Dory na versão original, recebeu uma indicação a Melhor Humorista no MTV Movie Awards por seu desempenho na dublagem da esquecida peixinha (não que a premiação inspire confiança, mas é um dado a se levar em conta).

Falando em premiações, a produção ganhou o Oscar de Melhor Animação na cerimônia de 2004. Além de ter sido indicada a Melhor Filme Comédia/Musical no Globo de Ouro e a outras três categorias da Academia: Melhor Roteiro Original, Melhor Edição de Som e, claro, Melhor Trilha Sonora. E que trilha sonora de Thomas Newman! Como já é padrão da Pixar, ela faz o filme crescer, seja nas sequências de ação ou nas cenas mais dramáticas.

Fazendo outro gancho: Procurando Nemo foi o primeiro filme da Pixar a investir assim tão pesado em cenas dramáticas, como a que Marlin sai gritando por Nemo, por exemplo. Outro fator que ajuda a aumentar a força dramática do filme é o uso ao limite da tecnologia da época, fazendo com que os personagens tenham expressões faciais absurdamente impecáveis. Repare na sempre preocupada feição de Marlin, nas engraçadíssimas expressões de Dory ou, então, na semelhança de Gill com o rosto de seu dublador, Willem Dafoe.



Mas nem tudo são flores. Após a captura de Nemo, o filme se divide em dois: um acompanha o jovem peixinho num aquário de um dentista, lutando pra voltar pra casa e para seu pai; o outro acompanha Marlin e Dory, na busca por Nemo. E isso faz com que o filme acabe parecendo episódico, já que as transições entre uma ponta e outra se dão de maneira pouco inspirada, caindo no lugar-comum. Demérito de Andrew Stanton, diretor e roteirista. Isso também compromete o ritmo da trama, afinal, sempre que ele está crescendo, somos jogados pra companhia do outro membro da família.

À época, Procurando Nemo foi um estrondoso sucesso, fazendo mais de 867 milhões de dólares na bilheteria mundial, sendo, até hoje, a maior bilheteria que um filme da Pixar já alcançou. E é a quarta animação que mais arrecadou mundialmente, ficando atrás apenas de Shrek 2, Alice no País das Maravilhas e Era do Gelo 3. Apesar de ser a maior bilheteria, é fato que este não é o melhor filme do estúdio, ficando bem atrás de obras-primas como Wall-E, Toy Story 1 e 2 e Up – Altas Aventuras, mas está no mesmo nível de Monstros S.A. e Ratatouille e superior ao Vida de Inseto. Mesmo assim, Procurando Nemo é muito melhor que quase todos os filmes lançados em Hollywood, sejam eles em animação ou não.





Nome original: Finding Nemo
Ano: 2003
Duração: 101 minutos
Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton
Elenco: Alexander Gould, Albert Brooks, Ellen DeGenerees, Willem Dafoe, Elizabeth Perkins

Imagens: divulgação

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